2ª Mostra Internacional de Dança de São Paulo celebra a dança como pulsão de vida, abordando corpos, memórias e fronteiras

De 21 a 31 de agosto, o Itaú Cultural é mais uma vez o palco da dança com a 2ª edição da Mostra Internacional de Dança de São Paulo (MID-SP), que acontece em parceria com a Associação Pró-Dança, com espetáculos presenciais, exibição de videodanças, encontros e mostra de vídeos relacionados ao tema na plataforma de streaming Itaú Cultural Play. Com o tema Dança como pulsão de vida, a mostra reúne 24 trabalhos – entre espetáculos e videodanças - de dez estados brasileiros (Amazonas, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo), e sete países (Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Estados Unidos, França e Peru), destacando a diversidade de corpos, linguagens e territórios na cena contemporânea.

Com direção artística de Inês Bogéa, a mostra tem como proposta trazer um amplo panorama da dança contemporânea para o público, em diferentes correntes e suportes, a partir dos eixos fruição, formação e fomento. Assim, ao longo de nove dias, reúne 17 espetáculos, que chegam ao palco com curadoria de Marcela Benvegnu, em diálogo com a Equipe de Curadorias e Programação Artística do Itaú Cultural, a exibição de sete videodanças, selecionadas por Charles Lima e Daniel Reca - também em diálogo com a Equipe de Curadorias e Programação Artística do Itaú Cultural, além da Equipe de Criação e Plataformas - e quatro fóruns de discussão, que tem curadoria de Sayonara Pereira.

Toda a programação do Itaú Cultural é gratuita e conta com recursos de acessibilidade como tradução em Libras em tempo real e audiodescrição. Os ingressos devem ser reservados a partir das 12h da terça-feira da semana de apresentação dos espetáculos, pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

Neste ano, a Mostra Internacional de Dança de São Paulo mantém a parceria feita no ano passado com a Semana Paulista de Dança, que acontece no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, de 27 a 31 de agosto. Para que o público possa acompanhar as duas atividades, a programação da noite na MID nos dias 28 a 30, no Itaú Cultural, tem início às 21h. Na semana anterior, começa sempre às 20h, e em ambos os domingos às 19h.

Primeira semana

A programação da 2ª Mostra Internacional de Dança de São Paulo abre no dia 21 (quinta-feira) com uma noite que promete transportar o público para um universo de metáforas corporais com dois espetáculos que refletem sobre coletividade e conexão humana. A Movidos Cia de Dança, do Rio Grande do Norte, apresenta Nuvem de Pássaros, obra que transforma o movimento migratório das aves em uma poderosa alegoria sobre resistência e sobrevivência. Sob direção de Anderson Leão, seis bailarinos criam imagens poéticas de corpos que, como pássaros, enfrentam adversidades em busca de novos horizontes, com trilha sonora que mescla colagens musicais e elementos visuais orgânicos.

Na sequência, o palco é da companhia norte-americana White Wave Dance Company, que apresenta So It Goes, uma meditação coreográfica que explora a impermanência por meio de improvisações estruturadas. Com direção de Young Soon Kim e trilha original de Greg Haines, a obra oscila entre atmosferas íntimas e expansivas, questionando como pequenos gestos podem carregar emoções profundas.

No dia 22 (sexta-feira), a programação se desdobra em múltiplas camadas. Às 15h, o Fórum Encontros e Diálogos discute o tema Modos de Criação em Dança, reunido as coreógrafas Andrea Pivatto, Beatriz Sano e Erika Novachi, com mediação da bailarina, coreógrafa e professora associada da Universidade de São Paulo Sayonara Pereira, que além de curadora, será responsável pela mediação de todos os encontros da MID-SP.

À noite, três experiências distintas convidam o público a refletir sobre memória e identidade. A partir das 20h é exibida a videodança Escavação, de Alex Reis (SP), que investiga as camadas históricas da Pequena África, região histórica do Rio, através do corpo como ferramenta arqueológica.

Após a exibição, o palco da Sala Itaú Cultural recebe duas companhias de São Paulo com conexões estrangeiras. A Taanteatro Companhia apresenta Mensagens de Moçambique, um solo ritualístico do coreógrafo moçambicano Mabalane Jorge Ndlozy sobre a luta anticolonial, enquanto a Cia de Danças de Diadema mostra Força Fluída, coreografia criada pelo sul-coreano Jaeduk Kim, explorando o minimalismo gestual por meio de cantos ancestrais orientais.

A programação do sábado, dia 23, começa às 11h30, no espaço do Boulevar, com a intervenção Toré – Cantos e Danças, com Sabuká Kariri-Xocó. Se trata de uma vivência ritual conduzida pelo povo Kariri-Xocó, que convida o público a se aproximar das expressões sagradas de sua ancestralidade. Por meio de cantos e danças tradicionais, o Toré reverencia a Mãe Terra, os elementos da natureza, os espíritos ancestrais e os saberes que compõem a biblioteca interior dos povos originários.

Não se trata de um espetáculo ou uma estreia, mas de uma partilha coletiva de força, cura e conexão. O público é chamado a participar, criando um espaço de encontro, escuta e transformação. Com forte presença espiritual e simbólica, o Toré expressa em forma de arte os fenômenos naturais e culturais do universo indígena, reforçando a identidade e a resistência dos Kariri-Xocó. Mais do que uma apresentação, a intervenção é um gesto político, pedagógico e afetivo que transforma realidades por meio da ancestralidade viva. A mesma apresentação acontece no dia 30, também às 11h30.

Na parte da tarde, às 15h, acontece o fórum Curadorias em Dança/Artes da Cena, discutindo sobre os desafios da seleção artística, com a participação do diretor teatral Antonio Araújo, Fabrício Floro, gerente adjunto da Gerência de Ação Cultural do Sesc, e do coreógrafo e bailarino Anselmo Zolla. Às 20h, a noite abre com a exibição da videodança Prelúdio, de Gustavo Gelmini (RJ), que captura bailarinos em trajetórias urbanas solitárias.

Da tela ao presencial, os argentinos Lucía Bargados e Emiliano Falcone apresentam o espetáculo Fear + Bilis Negra mergulhando no universo sombrio da melancolia e da perda através de uma narrativa corporal e poética. O coletivo paulista Cendiras Bgirls encerra a noite com Sem Tempo, Irmã!, um manifesto em breaking sobre a tripla jornada das mulheres periféricas, mesclando humor e drama em cenas pulsantes.

No domingo, dia 24, o encontro entre a tecnologia e a ancestralidade marca o encerramento da primeira semana da MID-SP. A partir das 19h, logo após a videodança Vanitas, de Vinícius Cardoso (SP), que fala sobre uma personagem condenada a olhar para o seu próprio reflexo para sempre, a artista e pesquisadora mato-grossense do sul, Jackeline Mourão, apresenta Procedimento #6 , trabalho que questiona a realidade e a ilusão através de interações entre corpo, tecnologia e memória.

A noite fecha com Aycha, espetáculo da Cia Amateur e Crudo Coletivo, reunindo artistas do Chile e do Peru. A obra transforma paisagens desérticas destes dois países em palco para uma performance visceral sobre transformação e identidade, com a performer Lupe Ramos transitando entre tradições andinas e linguagem atual.

Segundo ato

Maior do que no ano passado, a segunda edição da Mostra Internacional de Dança de São Paulo segue por mais uma semana, de quinta-feira a domingo, com a programação até sábado iniciando às 21h e domingo às 19h, para que o público possa transitar entre o Itaú Cultural e o MASP, onde acontece a 7ª Semana Paulista de Dança.

Além disso, nessa semana também acontece mais uma atividade da MID-SP, o Pitch Online, que tem como objetivo ampliar a visibilidade e as possibilidades de circulação e financiamento das criações em dança. A ação acontece na quarta-feira, dia 27, às 16h, com curadoria de Sayonara Pereira. Oito grupos - selecionados via edital - apresentam seus projetos para programadores, produtores e agentes culturais. Também é possível acompanhar como ouvinte via Zoom, com inscrição pelo link limitada a capacidade de pessoas da sala virtual.

Na quinta-feira, dia 28, as atividades começam com a videodança Grapiúna, de Giltanei Amorim (BA), na qual uma entidade se manifesta no tempo de uma faísca, trazendo a presença manifestada de passados insistentes. Já a Nalini Cia de Dança, de Goiás, leva ao palco Véu, que reflete sobre o conceito da filosofia hindu do Véu de Maya, explorando a efemeridade e a eternidade em uma jornada sensorial.

Por fim, a Curitiba Cia de Dança apresenta Quando se Calam os Anjos. Com direção de Airton Rodrigues, o espetáculo faz uma crítica à fragilidade das relações humanas digitais em um universo pós-moderno virtual.

O fórum Elementos que Compõem a Cena abre a programação do dia 29 (sexta-feira), às 15h, com o iluminador André Boll, o cenógrafo Fábio Namatame e a dramaturga Maura Baiocchi falando como suas atuações constroem parcerias com os coreógrafos e suas obras. Às 21h, a noite começa com a videodança No Mar do Céu 001, de Márcio Barreto (SP), que captura movimentos espiralados em diálogo com o oceano.

Em seguida, sobe ao palco Tainara Cerqueira, artista baiana residente em São Paulo, com Bola de Fogo, um solo de dança afro que homenageia as baianas de acarajé, símbolo da resistência econômica das mulheres negras. Para encerrar a noite, Enquanto Há Tempo, do Grupo Experimental Sapateia, também de São Paulo, que investiga a brevidade do tempo através da agilidade do sapateado e da fluidez corporal, transformando esta dança em uma metáfora sobre a fugacidade existencial.

No sábado, dia 30, o dia começa às 12h, no espaço do Boulevar, novamente com a intervenção Toré – Cantos e Danças, com Sabuká Kariri-Xocó. Já às 15h, o fórum explora o Ensino da Dança para Processos Criativos, com as colaborações da especialista em Danças Urbanas Ciça Veronese, a criadora de dança Andreia Yonashiro, e o dançarino e pesquisador da cultura afro-brasileira Enoque Santos. Juntos, compartilham facetas dos seus modos de ensino.

Como de praxe, a noite tem início com uma videodança, que neste dia é Piano Soleil, de Caio Amon e Camila Vergara (Porto Alegre - RS e Montréal - Canadá), um híbrido de videoclipe e videodança sobre a preservação ambiental, filmado em duas reservas naturais brasileiras e sonorizado pela peça de piano do compositor canadense Denis Gougeon. Na sequência, entra em cena a gaúcha Plural Cia de Dança com o espetáculo Rede, coreografia sobre as conexões neuronais que usa o corpo como metáfora para processos mentais. Encerra a noite a Raça Cia de Dança, que apresenta Cartas Brasileiras, obra icônica de Roseli Rodrigues que transforma correspondências em movimento.

A coreógrafa paulista Estela Lapponi abre a última noite da Mostra Internacional de Dança com a surreal Seliberation #3, videodança que traz uma deusa de falanges disformes, numa coexistência quimérica. As coreografias finais são PRESENTE, da francesa Cie. À Fleur de Peau, criação intimista concebida por Denise Namura e Michael Bugdahn durante o confinamento, que transforma restrições em potência criativa, e a premiada As Cores da América Latina, da Panorando Cia e Produtora, celebração das culturas chilena, peruana e brasileira, que se destaca pelo uso expressivo de máscaras e adereços oversized, transformando os corpos dos intérpretes em esculturas vivas.

Programação expandida

Além da programação presencial, as videodanças exibidas durante a programação no Itaú Cultural ficarão disponíveis para serem assistidas na Itaú Cultural Play, plataforma de streaming brasileiro do Itaú Cultural.

O acesso à Itaú Cultural Play é gratuito, disponível em www.itauculturalplay.com.br, nas smart TVs da Samsung, LG, Android TV e Apple TV, nos aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS) e Chromecast. Você também pode encontrar conteúdos da IC Play nas plataformas Claro TV+ e Watch Brasil.

A Mostra Internacional de Dança de São Paulo é realizada pelo Ministério da Cultura, Associação Pró-Dança e Itaú via Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução.

SERVIÇO

2ª Mostra Internacional de Dança de São Paulo (MID-SP)

Realizada pelo Itaú Cultural e a Associação Pró Dança

www.prodanca.org.br/mid

De 21 a 24 de agosto (quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo, às 19h)

E de 27 a 31 de agosto de 2025 (quinta-feira a sábado, às 21h, e domingo, às 19h)

No Itaú Cultural

Sala Itaú Cultural (Piso Térreo, 224 lugares)

Sala Vermelha (Piso 3, 70 lugares)

Entrada gratuita. Reservas de ingressos a partir da terça-feira da semana da apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

PROTOCOLOS / Sala Itaú Cultural:

- É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após esse período, o ingresso será invalidado e disponibilizado na bilheteria.

- Se os ingressos estiverem esgotados, uma fila de espera presencial começará a ser formada 1 hora antes da atividade. Caso ocorra alguma desistência, os lugares vagos serão ocupados por ordem de chegada.

- O mezanino é liberado mediante ocupação total do piso térreo.

- A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar.

Devolução de ingresso:

Até duas horas antes do início da atividade, é possível cancelar o ingresso diretamente na página da Inti, assim outra pessoa poderá utilizá-lo. Na área do usuário, selecione a opção "Minhas compras" no menu lateral, escolha o evento e solicite o cancelamento no botão disponível.

Programação sujeita a cancelamento:

O Itaú Cultural informa que sua programação poderá ser cancelada em virtude de questões extraordinárias. Nesse caso, os ingressos adquiridos perdem a validade. O público que reservou o ingresso será notificado por e-mail. Um eventual reagendamento da programação ficará a exclusivo critério do IC, de acordo com a disponibilidade de agendas, sem preferência para quem adquiriu os ingressos anteriormente.

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô

De terça-feira a sábado, das 11h às 20h.

Domingos e feriados 11h às 19h

Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663

E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Acesso para pessoas com deficiência física

Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.