On the Wall: O Novo Single do Cycle/End

Descubra 'On the Wall', o novo single do Cycle/End, que traz uma catarse crua e emocional influenciada por punk-rock e metal. A música reflete sobre a dor da perda e o impacto do lockdown na indústria do entretenimento, abordando a onda de suicídios que afetou muitos artistas.

ENTREVISTAS

10/20/20253 min ler

a man and woman sitting on a couch
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"On The Wall" mergulha de cabeça em temas de luto, luta psicológica e resiliência. As letras poéticas são combinadas com instrumentação intensa — riffs afiados, texturas melancólicas e explosões. É tanto uma homenagem àqueles que perdemos quanto um lembrete de que não estamos sozinhos na escuridão. Confira a entrevista.

"On The Wall": https://www.youtube.com/watch?v=z-qVg-pMUo4

https://open.spotify.com/intl-pt/album/6m7WTBft5Jdc5ziUpJ5Cq7

"On The Wall" claramente nasceu de uma perda profunda e de um luto coletivo. Você pode nos contar sobre a experiência pessoal ou o momento que motivou a criação desta música?

Durante a pandemia, testemunhei uma onda de suicídios na indústria do entretenimento. A maioria deles eram ajudantes de palco, técnicos de som e iluminação como eu. Cada perda parecia uma facada em uma ferida que nunca havia cicatrizado de verdade, porque dez anos atrás meu irmão mais velho também tirou a própria vida. Foi doloroso, mas também acendeu uma chama dentro de mim: eu precisava canalizar essa dor para algo significativo.

Você mencionou que a música também ressoa com a onda mais ampla de suicídios na indústria do entretenimento durante o lockdown. Como essa tragédia coletiva moldou sua escrita ou o tom emocional da faixa?

Ser um ajudante de palco significa trabalhar no escuro, mas também ser aquele que carrega a luz. Usei essa ideia como tema central para a música. A faixa precisava ser um pouco mais impactante — precisava de um toque sombrio —, mas eu também queria que ela carregasse esperança, porque eu realmente acredito que sempre há alguma luz escondida na escuridão. Enquanto escrevia, também pesquisei o "quadrado preto" como um símbolo ao longo da história, o que me levou a descobrir "Vitória Sobre o Sol", uma ópera futurista russa. Essa conexão entre escuridão, abstração e renascimento ressoou profundamente com o que eu estava tentando expressar.

A faixa funde influências de punk, alternativo e metal — riffs afiados e texturas melancólicas colidindo. Como você usou o som e as escolhas de produção para traduzir o luto e a resiliência em algo que os ouvintes possam sentir fisicamente?

A produção é reduzida ao essencial para mantê-la crua e honesta. Eu queria que cada som, cada ideia tivesse seu próprio espaço — nada extra, apenas o que realmente serve à emoção. Para mim, a estrutura da música espelha o processo do luto: começa pesado e incerto, passa pelo luto e, eventualmente, atinge uma sensação de resiliência. Não é uma linha reta, mas uma jornada — e eu queria que os ouvintes sentissem isso fisicamente, não apenas ouvissem. Foi como me senti no processo de trabalhar nesta música.

Escrever sobre o luto pode ser doloroso e curativo. Criar "On The Wall" serviu como uma forma de terapia para você ou abriu um novo território emocional difícil de enfrentar?

Com certeza parece terapia. Escrever a música me forçou a revisitar emoções muito cruas, a mergulhar no caos mental do luto e transformá-lo em som. Mas, com o tempo, algo mudou. Compartilhar a música com outras pessoas foi como tirar um peso dos meus ombros, como deixar cair uma tonelada de pedras que eu carregava há anos. Essa transformação — transformar a dor em algo positivo e conectivo — é o que faz com que o processo pareça curativo no final.

A música lembra às pessoas que "não estamos sozinhos na escuridão". O que você gostaria que alguém que luta contra perdas ou problemas de saúde mental aprendesse depois de ouvir essa faixa?

O que espero que fique claro é que uma solução permanente para um problema temporário nunca é a resposta. O sofrimento faz parte do ser humano — pode ser devastador, mas também carrega um significado. A dor nos diz algo sobre nós mesmos e o mundo ao nosso redor. Em vez de silenciá-la, podemos ouvi-la e deixá-la se tornar uma alavanca para a mudança. Se a música puder fazer alguém se sentir menos sozinho em sua escuridão, então ela já cumpriu seu papel. E além da mensagem, quero que a música ajude de forma concreta: parte de seus lucros será destinada a uma organização sem fins lucrativos que trabalha na prevenção do suicídio.